Jockey vai dar chácara da Vila Sônia e parcelar IPTU devido
quarta-feira, 27 de julho de 2011O Jockey Club de São Paulo quer sair da lista dos maiores devedores do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da cidade. Para dar fim à dívida que passa dos R$ 207 milhões, a direção da entidade já decidiu: vai aderir ao Programa de Parcelamento Incentivado (PPI) do Município, vender à cidade parte do terreno da Chácara do Ferreira, no bairro Vila Sônia, zona sul de SP, e promover reformulações que o coloquem em outra lista: a de clubes classe AAA, disputados pela elite paulistana.
O equilíbrio financeiro da entidade é o primeiro passo. A cartada da vez está sendo tocada pelo presidente, o empresário Eduardo da Rocha Azevedo, de 62 anos, no cargo há 4 meses. “Temos uma missão: vamos fazer do Jockey um clube no estilo dos mais disputados da capital. Vamos aderir ao PPI, está decidido.”
Com o acordo, a dívida pode cair para até R$ 80 milhões – com os descontos de multas e juros previstos no plano. O parcelamento pode se estender em até 120 meses. O prazo de adesão do PPI vai até o fim do mês que vem. O clube já aderiu em outras oportunidades a parcelamentos como esse, mas não conseguiu honrar as prestações. Dessa vez, isso está fora de cogitação.
“Estamos profissionalizando a gestão e vamos também abrir mão de parte do patrimônio do clube”, diz Azevedo. Além do IPTU, o clube tem mais de R$ 121 milhões em outras dívidas, como imposto de renda.
A utilização do terreno de 150 mil m² na Vila Sonia, conhecido como Chácara do Jockey, para amortecer os débitos é discutida há pelo menos 10 anos. Nos últimos tempos, o espaço passou a abrigar festivais de música. O interesse da Prefeitura é transformar a área em um parque municipal – uma parte ainda não definida permaneceria com o Jockey. Outra propriedade da entidade, de 348 mil m² em Campinas, também deve ser negociada.
O clube. Os planos de atrair a elite paulistana para o Jockey vai por dois caminhos: potencializar os atrativos do clube social, ampliando a área exclusiva dos sócios, e criar um conceito de “clube de negócios”. “A ideia é fazer com que empresas e empresários se reúnam, tornem-se sócias e haja espaços para encontros e eventos”, diz Azevedo, que conta com a experiência de presidir por 8 anos a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Já na parte social, os planos são de ampliação, respeitando o estilo das construções de mais de 100 anos do Jockey – o complexo de 620 mil m² na Cidade Jardim, zona sul de São Paulo, é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat).
As alterações planejadas começam pelas arquibancadas nobres para as corridas de cavalos, que devem ser ampliadas e renovadas. O prédio hoje da fisioterapia, em estilo art déco, deve abrigar um spa moderno e de alto nível. Estão previstas ainda uma série de quadras de tênis e poliesportivas, além de três piscinas – hoje há uma piscina no local.
Uma passagem subterrânea por baixo da pista de corrida dos cavalos faria a ligação com o grande gramado oval, que deve abrigar pistas de cooper e espelhos d”água. As obras não impediriam a realização de shows no local, uma das principais fontes atuais de renda – o clube já fechou a realização do festival Lollapalooza, no ano que vem. “Temos características únicas: uma pista de caminhada, em torno da área, com perímetro de 4 quilômetros”, afirma Azevedo.
O Jockey tem hoje 1.200 sócios pagantes e, apesar da gigantesca área, pretende ter no máximo 6 mil. Os títulos já passaram de R$ 5 mil para R$ 30 mil – só para os primeiros 200 interessados. Depois, haverá um mais um aumento.
Todo o projeto deve sair do papel ainda neste ano. Mas o acesso vai continuar livre para os não sócios, tanto no grande gramado quanto para assistir às corridas de cavalos, nos fins de semana e nas noites de segunda-feira. A aposta mínima é de R$ 2.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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